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ZABELLA DRAGÃO

quem sou somos para/com a música?

Aqui, como voz dessa criação, manifesto um desejo humilde de entrega numa área artística da mais admirada. Iniciei pela dança, aos 4 anos, em São João da Boa Vista, cidade que carrega fortes raízes musicais como Guiomar Novaes. Implorei pela flauta doce na escola lá por volta de uns 8, amava tapar os buraquinhos para fazer soar uma asa branca. Mas não tive uma educação e repertório musical atento na infância, ao contrário, sempre carregando aquele estigma tão normalizado de "sou desafinada", de repressivos "fica quieta", "não fala isso", "fala baixo" e por aí vai, seguindo cada vez mais forte na adolescência e até na vida "adulta". Aquele prazer tido ao soltar a voz, ao se embrenhar imersa na música alta que conecta, expande e pertenceia, sendo constantemente tolhido. 

Mas houve sim um estudo musical lá nesse início, graças à Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, onde, na formação em Dança Clássica ao qual me motivou a saída da cidade e casa dos pais aos 11, aprendíamos a amplitude artística, entre elas o teatro e a música (piano, educação musical e canto). Mas, confesso, me era um terror. O estudo de piano versava entre o terror das aulas onde me sentia completamente travada, dificultosa - e os encontros escondidos para darmos os nossos primeiros beijos e encontros amorosos.

 

Além da iniciação do que seria uma "terapêutica" - o ato de ser cuidada.

 

Foi sempre ela - a Música - quem me acolheu, com quem passava as madrugadas assistindo vídeos, ouvindo, esmiuçando os sons e as presenças dos cantantes.

Na delicada transição das dificuldades na formação de dança, a pianista - Delma Nicolae, que nas aulas de dança clássica tocava ao vivo, era também minha professora de piano - onde, ao chegar no estúdio, perguntava se eu estava bem - já sabendo que não - e ao escutar meu sim, fechava a apostila com partituras para simplesmente me ouvir.

Antes do piano, ou de qualquer outra coisa, me ensinou o valor de ser cuidada, amparada, ouvida - dos meus sentimentos e estados emocionais serem validados antes durante e depois de qualquer tipo de estudo e ato de tocar.

Essa, que é hoje a essência do meu trabalho, devo ao receber disso de Delma, naquelas aulas. Seu olhar me amparou e sustentou muito. Ressignificou, além de tudo, o estudo do piano, que já não devia importar mais do que nossas saúdes, mas sim caminhar junto, lado a lado com ela.

 

Com a saída dessa formação, os momentos onde um piano aparecia, apenas a criança com ele vinha. Brincante, sem a necessidade de tocar algo específico - uma "música -, mas sim apenas deliciar as notas. Assim, em encontros com amigos pianando a quatro mãos, na soltura da despretensão prazeirosa.

Mas e o BAnho?

Seguindo a linha narrativa da terapêutica, ao iniciar a terapia propriamente dita, nas quintas-feiras (dia do guia Oxóssi) de 2012, retornando caminhante nas ruas, um primeiro canto atravessou a percepção das flores e passos do andamento: simples, falava do amor - esse, que buscamos e necessitamos profundo dentro do fundo de cada um nós, infantil e maduro.

 

E desde então, eles seguiram atravessando, quase que involuntariamente, como uma lembrança. Compor, a mim, é lembrar. Uma lembrança distante e próxima de um tempo além tempo, como se o futuro beijasse as costas do passado e se colocasse antigo e íntimo aqui, no presente. Criar é lembrar. Um corpo poroso ouvido e cuidado que recebe e se deixa receber. 

Depois, nas entradas no mar, nos banho de chuva e de chuveiro, sempre em fluxos, os cantos vindo. Sem a presença e a ciência de colocá-los no instrumento e nem mesmo a pretensão. Guardava-os envergonhados. Mas tempos de banho fizeram um pedido: "entregue essas músicas", como se ouvisse delas ao nelas entrar - as águas. Desde essa escuta e aceitação de compromisso, muitos percursos trespassaram até que firmasse o atual estudo musical e este projeto que você hoje toca e pode fazer tocar.

 

Ao me vincular e me comprometer no estudo do Canto, os percursos emocionais constantemente em atravessamento, pedindo desdobramentos e desenvolvimentos de outras estruturas do pensar, da filosofia e de uma criticidade na questão: "ao que está servindo nossa voz?" Principalmente a feminina. Estamos apenas reproduzindo padrões emprestados ou de fato compondo com criticidade ao que deixemos que passe por nós? Cantar é, sobretudo, uma grande responsabilidade sobre o que se difunde e deseje liberar/encaminhar. E, soltar a voz, uma responsabilidade para com o nosso prazer.

Em minha jornada como atriz - consolidada após aquela formação integrada de dança que contemplava essas artes tantas outras , quando especialmente o "espírito do palhaço" me convocou para uma jornada expressiva de maior prazer e soltura -, nesse dado momento em que assumi internamento o compromisso com a entrega dessas músicas, a maior parte dos chamados profissionais como atriz e bailarina estavam vinculados a ela - a senhora Música, com clipes e a manifestação de interpretação dançante que "incorpora" a música. 

 

A mim, dançar é musicar os órgãos, se tratando dessa constante escuta e recepção.

 

Há, ainda, uma potência específica que reconheço na música: a de passagem. Uma transmutação energética, encaminhamento emocional e alteração de frequências, num acesso demasiado acessível, pleonasticamente generoso.

 

O acesso entre mundos, a chama do espírito.

Nos entremeios do piano, outra instância em estética e raízes irrompe as necessidades expressivas: o tambor. Minha primeira aquisição ao salariar fixo, um djembe. Antes disso, ao ficar com instrumentos de amigos, o batuque aparecia em necessidade física e sonora em momentos de liberação emocional, sem "entender" exatamente o que se passava, mas, precisando dar passagem, as mãos iam ao batucar instintivamente e dali algo se movia.

 

A necessidade enraizada do tambor que nos chama para a terra, sendo ouvida e validada nessa jornada, faz um paralelo e uma necessária menção às culturas populares, à honra ao povo negro e à valorização especialmente da capoeira, que mistura, integra e aproxima qualquer distância ou separatividade que poderia acontecer entre a música e o corpo, aproximando-as e imbricando-as de modo fluido e necessário. Os chamados dos cantos, dos toques, indo da simplicidade à complexidade da honra da terra que nos convoca.

 

Reconheço a Música como uma guia - espiritual  e material, de modo que a cada passo que dou em sua manifestação, é também um passo do espírito na jornada de realização na matéria.

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 Nesse caminho de hibridismo artístico, reconheço:
a música como o espírito;
a dança como corpo - a encarnação;
e o teatro como o local onde as coisas acontecem
(se dão a ser vistas, em espaço coletivo de possível rito e comunhão). 

 

Aqui, nesse BANHO, integro essa jornada e estudos no imbricamento de todas as fases de realização. 

 

Uma arte sustentando a outra;
preciso do corpo que dança para a música que soa;
do espaço onde se vê
para que essas passagens não sejam tão somente minhas - mas nossas.
A difusão emocional e espiritual que pode e deve ser coletiva.

aqui você pode conhecer essa jornada de um modo um pouco mais objetivo,

"Curricular":

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Isabella Silva Dragão

Atriz, bailarina, poetisa, diretora, brincante investigativa nas artes visuais e musicais e  arte-educadora com formação em Licenciatura em Arte-Teatro pela Unesp e em Educadora Somática em andamento pelo Body-Mind-Centering.

 

Começou o estudo artístico com a dança, aos 4 anos, passando a integrar a Escola do Teatro Bolshoi, aos 11, com profissionalização em dança clássica e aulas de danças populares históricas, à caráter, contemporânea, piano, educação musical, teatro e apresentações com a escola e Companhia Jovem ETBB. Participou de diversos grupos e cursos de teatro, dança, performance, atuação para a câmera, palhaço, expressão vocal, canto e artes do corpo (aikido, yoga, capoeira), meditações, práticas espirituais e técnicas como Silvestre (dança moderna integrada à simbologia dos orixás), Viewpoints, Meisner, entre outras.

 

Atuou em peças, performances, na televisão - na Rede Globo, minissérie NADA SERÁ COMO ANTES e novela NOVO MUNDO, e na HBO, série ALÉM DO GUARDA-ROUPA - e no cinema, em diversos curtas, medias e longas-metragens - o último com direção de Dida Andrade e Andradina Azevedo -, além de múltiplos clipes traçando relação entre a atuação e a dança no audiovisual.

Vem desenvolvendo um trabalho autoral como educadora e artista, com laboratórios e criações/ritos cênicos, como os solos POR QUE DANÇO? e BANHO (na intersecção com a música) e o livro REZA NUA (que também se desdobra a show), além de dirigir criações autorais, escrever/contar histórias infantis e realizar projetos sociais de arte-educação e brincar livre.

Idealizadora do SUA ARTE EM PRESENÇA, em pesquisa viva da integração arte-espiritualidade-sexualidade, investigando as poéticas do prazer, no estudo do Estado Brincante*.

currículo completo:

vídeos:

audiovisual / conteúdo (filmes; novelas; séries)  |    audiovisual / clipes (dança; atuação sem fala) |   estudos de cena (videobooks)  |   criações autorais

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foto inicial: Aureste Gomes | edição de vídeo - clipes: Guilherme Meneghelli

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Sua Arte Em Presença

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